Encontros e confrontos: (ins)estabilidade do mito da democracia racial à discursividade dos professores, Ilha Solteira, SP

Abstract

Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa de mestrado em educação e tem por objetivo analisar a concepção de professores da cidade de Ilha Solteira, SP, sobre as questões étnico-raciais. Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, que tem as narrativas de vida e o método (auto)biográfico como mecanismo de autoformação docente. Visa também refletir sobre a pesquisa (auto)biográfica como prática de formação inicial e continuada, favorecendo o aprimoramento do processo educativo na busca de uma sociedade mais justa, igualitária e inclusiva. Os dados levantados evidenciam que o racismo está enraizado no discurso cotidiano do povo brasileiro, apresentando-se envolto em máscaras, com tendência ao silenciamento das diferenças ou mesmo ao mascaramento insinuado do preconceito, no âmbito das relações sociais. Além disso, os sujeitos da pesquisa, em sua maioria negros — em vários momentos — falam do negro como se falassem do outro e não de si. Dessa maneira, concebem que o ato de “identificar” o outro carrega em si o jogo histórico dos espelhos, da (ins)estabilidade nessas relações diante de conflitos, encontros e confrontos. Dessa perspectiva é preciso transformar esse quadro que envolve tensões com a construção de representações positivas, com práticas pedagógicas que discutam no interior da escola, as relações étnico-raciais, que valorizem a cultura, o modo de ser e viver dos afro-brasileiros.

Palavras-chave: Escravidão. História de vida. Preconceito racial.

ABSTRACT This article presents the results of a master's research in education and aims at analyzing the conception of teachers in the city of Ilha Solteira, SP, about the ethnical and racial issues. This is a qualitative research approach which has the narratives of life and the method (auto) biographical as teaching self-formation mechanism. It also aims at reflecting on the search (auto) biographical and the practice of initial and continuing education, promoting the improvement of the educational process in the search for a more equitable, inclusive and fair society. The data collected show that racism is rooted in the everyday speech of the Brazilian people, involved in masks, tending to silence the differences or even to disguise the masking prejudice in the context of social relations. In addition, the research subjects, mostly black – in several moments - speak of the black as if they spoke about other people and not about themselves. This way, it is conceived that the act of "identifying" the other carries in it the historical game of mirrors, the (ins) stability in these relationships beyond conflicts, encounters and confrontations. From this perspective it is necessary to transform this situation involving tensions by building positive representations with pedagogical practices to discuss within the school, the ethnic-racial relations, highlighting the culture, the way of being and living of African-Brazilian.

Keywords: Slavery. History life. Racial prejudice.